sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Primeiros Viajantes do Acre


Desde meados do século XVIII, que os amansadores de índios e coletores de drogas penetravam pelos rios Purus e Juruá para coletar borracha, salsaparrilha, balsamo de copaíba, castanha e cacau.

O Governo Amazonense, desejando descobrir uma passagem livre das cachoeiras e menos extensa para os povoados da Bolívia, autorizou missão oficial para a exploração no Rio Purus.

Chefiaram essas missões o pernambucano Serafim da Silva Salgado, o mulato amazonense Manuel Urbano da Encarnação, seguidos do explorador maranhense Antônio Rodrigues Pereira Labre.

A primeira viagem de Manoel Urbano, de cunho oficial foi a exploração ao alto Purus, em 1861, quando o Presidente Manuel Clementino Carneiro da Cunha o encarregou de descobrir uma “passagem para o rio Madeira a salvo de suas cachoeiras”.

Manoel Urbano, conhecido como agarrador de indíos, calculou a população indígena justafluvial, em cinco mil almas. Descreveu o povo Maneteris como mais adiantados, porque plantavam, fiavam e teciam algodão, para confecção de roupas e redes muito semelhantes às usadas pelo bolivianos que desciam o rio Madeira. Descreveu que eram bonitos e que tinham aspecto agradável, bem como que as mulheres andavam somente de tanga e, ainda, que viviam fartos, pois tinham grandes pacovais. Manuel Urbano supôs que fossem bolivianos, devido aos seus costumes e grande distância que se encontravam do rio Amazonas. Quanto aos indíos Canamaris, disse que eram agricultores, cultivavam o algodão, fabricavam redes de boa qualidades e, que os homens andavam nus e as mulheres usavam tangas. Já os indíos Ipurinás ocupavam uma grande extensão do rio Purus, não usavam vestuário, sendo que mulher usava uma folha verde sobre a vulva. Descreveu que estes indíos eram inclinados à guerra e temidos pelas outras tribos. No tocante aos Jamadis, realtou que eram numerosos e inclinados à lavoura e caça, ressaltando que as mulheres usavam tangas. Os povosJuberis e os Puru-Purus, sofriam de impinges e outras moléstias da pele.

Serafim da Silva Salgado, foi o primeiro civilizado que explorou o Purus, das cercanias do Pauíni até a vizinhança da zona fronteiriça do Acre. Salgado auxiliou eficazmente ao geógrafo inglês William Chandless, ministrando-lhe conhecimentos sobre o rio Purus e fornecendo-lhe o seu filho Braz para servir de guia na viagem de exploração desse rio (1864-1865). Foi homenageado pela Assembléia Legislativa da cidade de Canutama como "herói descobridor da primeira seringueira do Rio Purus".

Em 12 de junho de 1864, o geógrafo Willian Chandlles em missão oficial da Real Sociedade Geográfica de Londres na América do Sul, decidiu explorar o Rio Purus, cujas nascentes eram desconhecidas. Concluiu que o Purus não provinha dos Andes e que não era afluente do Rio Madre Dios.

Os anos dourados

Embora o Acre seja boliviano, o povoamento brasileiro é crescente na região. Com o mercado internacional consumindo cada vez mais borracha, a questão das fronteiras se torna um conflito entre os dois países. Os brasileiros produzem borracha em grandes seringais do território disputado, usando o produto para abastecer a Revolução Industrial. Os seringais acreanos já são responsáveis pela maior parte da produção de látex da Amazônia, além de oferecer a borracha de melhor qualidade.De tão valioso, o látex ganha o apelido de “ouro negro”. A vulcanização da borracha – processo inventado por Charles Goodyear em 1839 – permite a fabricação de pneus para automóveis e bicicletas, botas, capas impermeáveis, câmaras de ar, tapetes, forros, botes, salva-vidas, balões de gás, luvas. Tudo isso passa a ser feito com a borracha amazônica. Favorecidas pela aplicação cada vez maior da borracha na indústria automobilística, as elites paraense e amazonense começam a desfrutar um período de grande riqueza, ganhando visibilidade nacional e internacional. É a Belle Époque amazônica, que dura até 1910.